Heranças de Oppenheimer e da Era Atômica: o setor de energia nuclear e seu papel na transição energética


J. Robert Oppenheimer acendeu a chama da Era Atômica com o teste do primeiro explosivo nuclear da história (codinome “Trinity”) em 1945. Porém, alguns anos antes, um de seus colegas do Projeto Manhattan havia dado outro destino para a energia da fissão dos átomos: Enrico Fermi e sua equipe criaram o primeiro reator nuclear na Universidade de Chicago, em 1942. Desde então, os reatores ganharam espaço na matriz energética mundial – e hoje são a segunda maior fonte de energia não-proveniente de combustíveis fósseis (atrás apenas da energia hidrelétrica).

Com o avanço das pautas de transição para uma economia de baixo carbono, a energia nuclear ganha destaque novamente. Com as empresas em uma corrida para se desfazer de ativos com elevada emissão de carbono – e para adquirir ativos que aumentem sua eficiência energética, o percentual de teses de M&A voltadas à transição energética com valor acima de US$ 1 BI aumentou de 20% para 27% entre 2021 e os 9 primeiros meses de 2022.

A energia atômica tem participado deste movimento, com o aumento no número e valor total de transações no setor nuclear durante os anos de 2022 e 2023 (com um pico de mais de US$ 8 BI em transações no 4T22). Apesar disso, seu papel na transição energética ainda é incerto.

Por ser uma fonte não-dependente de combustíveis fósseis – e com emissão quase nula de gases de efeito estufa – os defensores da energia nuclear a colocam como principal instrumento para tornar a transição energética factível. Além disso, diferente de outras fontes de energia limpa, os reatores nucleares podem funcionar 24 horas por dia e não dependem de condições climáticas (como é o caso da energia solar, eólica e hidrelétrica).

Entretanto, a energia atômica esbarra em alguns problemas: manter as plantas nucleares adequadas aos padrões de segurança exige elevados investimentos – operadores gastaram cerca de US$ 47 BI mundialmente para melhorar a segurança desde o incidente de Fukushima em 2011. Além disso, a geração de resíduos radioativos e acidentes como os de Chernobyl e Fukushima são citados por aqueles que defendem que a energia nuclear não deveria ser a protagonista da transição energética.

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