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Momento pede cautela na Bolsa

Volatilidade do mercado acionário exige atenção redobrada, mas investidores de longo prazo podem se beneficiar se entrarem agora

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Por Estadão Blue Studio
3 min de leitura
Especial Onde Investir Foto: Getty Images

Impactado por um cenário de incertezas na economia nacional e também sob influência dos ventos que vêm de fora, o mercado acionário brasileiro enfrenta momentos de turbulência. O Ibovespa (principal índice de ações da B3, a Bolsa de Valores brasileira) iniciou 2023 com valorização em janeiro, mas a alegria durou pouco e o benchmark registrou quedas significativas em fevereiro e março.

Para especialistas, a volatilidade deve continuar ditando o ritmo das negociações nos próximos meses. Por aqui, questões como juros altos, incertezas fiscais e conflitos entre o governo e o Banco Central contribuem para afastar os investidores dos ativos de risco.

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Lá fora, o sinal de alerta vem do sistema financeiro, uma vez que o mercado ainda digere a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank, nos EUA, e a crise do Credit Suisse, na Suíça, que culminou na compra do banco pelo UBS. “Boa parte desses problemas já estão precificados, e esperamos que ao longo do ano o cenário fique mais claro e melhor”, afirma Fernando Siqueira, head de Research da Guide Investimentos.

Os investidores mais experientes costumam se lembrar de uma velha máxima da Bolsa, sobre comprar ações quando os ativos estão com preços menores do que realmente valem. Portanto, aqueles que pensam no longo prazo e têm perfil de risco para investimentos mais voláteis podem estar diante de uma oportunidade.

“Para os investidores que têm paciência e solidez financeira para suportar variações de curto prazo, é um bom momento para investir em Bolsa. Há muitas ações baratas neste momento e comprar a preços atrativos pode significar o sucesso de um investimento”, afirma Ivan Barboza, sócio-gestor do Ártica Asset Management.

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Alexandre Sabanai, sócio e gestor da Perfin, afirma que existem empresas que podem se beneficiar com a eventual queda dos juros e ao mesmo tempo conseguem se defender bem em um cenário desafiador de inflação e juros mais elevados. “Os setores regulados de energia elétrica, saneamento, concessões em geral podem apresentar ótimas oportunidades. Além disso, os setores farmacêutico, de shoppings, seguros e software de gestão empresarial também apresentam boas chances de crescimento com resiliência”, diz.

Além de criar um filtro inicial por setores, especialistas também se lembram da importância de fazer uma boa seleção de cada empresa para conseguir capturar os melhores potenciais de valorização no longo prazo. “É fundamental fazer um stock picking (termo em inglês para análise individual de ações) e procurar companhias que estão sendo mais resilientes neste momento de juros mais altos”, afirma José Simão, sócio da Legend Investimentos.

Também é preciso ter cautela e evitar alguns setores e empresas. Para Ivan Barboza, o ideal é tomar cuidado com as estatais, em especial aquelas que têm histórico de serem utilizadas pelo governo como canais para implementação de políticas públicas. “Fazer com que uma empresa gere retorno para seus acionistas não é uma tarefa fácil. Quando isso deixa de ser o principal objetivo da gestão, em detrimento de objetivos políticos, a probabilidade de que o negócio se mantenha rentável diminui”, afirma o gestor do Ártica.

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Para Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, o investidor deve evitar companhias muito alavancadas, com alto custo de dívida e despesas financeiras que estejam consumindo o lucro líquido. “Entre elas estão algumas empresas de construção, que tiveram a margem bruta muito apertada, além das varejistas, que continuam em uma situação bem complicada.”

Fernando Siqueira, da Guide, diz que prefere fugir de companhias que dependem de ciclos econômicos globais favoráveis. Um dos principais exemplos são as produtoras de commodities, como petróleo, siderurgia e mineração. “Com a economia mundial desacelerando, elas não devem ter uma boa performance”, afirma.

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