Ivan Barboza

Inteligência artificial: a próxima revolução

Os impactos exatos que essa tecnologia terá em diversas cadeias industriais ainda são bastante incertos

O ChatGPT, chatbot com habilidade quase humana para conversar sobre praticamente qualquer assunto, chamou a atenção do mundo para o avanço da inteligência artificial (IA) e intensificou o debate sobre os possíveis benefícios e ameaças que essa tecnologia trará consigo.

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De um lado, os entusiastas enxergam a possibilidade de uma nova era de aumento acelerado de produtividade e, por consequência, mais riqueza material disponível para a humanidade. Em contraste, outros percebem um risco de, indo ao extremo, um futuro apocalíptico em que máquinas controladas por superinteligências artificiais concluem que o mundo seria melhor sem a raça humana e decidem eliminá-la.

Evitando os extremos desse debate, uma previsão mais segura é que essa tecnologia continuará evoluindo e dando origem a ferramentas bastante poderosas que podem revolucionar certas indústrias. Por exemplo, já existem soluções de IA capazes de analisar imagens e identificar o que está representado nelas. Essa função pode ser usada no campo médico, na análise de exames de diagnóstico por imagem em que radiologistas podem ser substituídos por softwares de IA, que emitirão laudos mais rápido, com maior taxa de acerto e por uma fração do custo existente atualmente. Com mudanças desse tipo podendo chegar ao mercado financeiro, como decidir onde alocar seus investimentos?

Investir em empresas de IA é provavelmente uma ideia ruim neste momento. Explico: quando o mercado está empolgado com o potencial de uma nova tecnologia, os valuations das empresas na vanguarda do setor costumam ficar hiper inflados e, nesse início, é muito difícil prever qual empresa será a líder definitiva em seu segmento.

Um ótimo exemplo disso é a história do Yahoo e do Google. Fundado em 1994, o Yahoo era o site de busca dominante até o início dos anos 2000, chegando a valer mais de US$ 125 bilhões em seu pico. Era mais valioso que a Ford, Chrysler e GM combinadas na época. Mesmo assim, o Google, fundado em 1998, superou o Yahoo e se tornou o líder absoluto entre os sites de busca. Hoje, a OpenAI é uma das empresas com maior destaque no setor, devido ao sucesso do ChatGPT, mas não é óbvio prever se seu futuro será análogo ao do Yahoo ou ao do Google.

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Teses de investimento possivelmente mais interessantes poderiam ser encontradas entre empresas fornecedoras para o setor de IA, seguindo a máxima de que, “na corrida do ouro, ganha mais dinheiro quem vende pás e picaretas”. Mas essa também não é uma tarefa fácil, pois, apesar de não ser necessário muito esforço para chegar à conclusão de que IA depende de data centers robustos para armazenar e processar volumes massivos de dados, é necessário analisar cada segmento de fornecedores para julgar se o próprio segmento não passa por forte competição e riscos de disrupção tecnológica.

Outra possibilidade é olhar para os setores que devem se beneficiar do uso de IA. Por exemplo, a indústria de música se beneficiou muito com as tecnologias que tornaram possível gravar áudio e distribuir álbuns de músicas em discos, fitas, CDs e agora através de streaming. Algumas gravadoras se tornaram empresas multibilionárias devido à escalabilidade que a tecnologia trouxe a seus negócios. Da mesma maneira, certamente IA tornará possível que alguns negócios se tornem mais eficientes, escaláveis e rentáveis para seus acionistas.

Tão importante quanto buscar identificar as empresas que se beneficiarão é entender para quais negócios o IA representa um risco. Novas tecnologias podem destruir empresas, fato bem ilustrado pela história da Kodak, que foi fundada em 1888 e por mais de um século foi uma das marcas mais importantes no mercado de câmeras fotográficas e de filmagem. Quando a tecnologia de câmeras digitais surgiu, nos anos 2000, a Kodak foi mais lenta que seus competidores no desenvolvimento de novos produtos e acabou ficando para trás. Em 2012, a empresa decretou falência.

Acreditamos que IA tem potencial para ser tão revolucionária quanto o surgimento dos computadores, da internet e dos smartphones. No entanto, os impactos exatos que essa tecnologia terá em diversas cadeias industriais ainda são bastante incertos. Assim, será necessário acompanhar de perto o surgimento de novas soluções baseadas em IA para refinar as previsões de quais negócios poderão ser mais impactados e ajustar as estratégias de investimento de acordo.

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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