Investing.com - As ações da Americanas (BVMF:AMER3) subiam 15% às 11h46 (de Brasília) desta sexta-feira, 13, cotadas a R$3,14, após recuarem 77,33% ontem.
Os papéis ficaram em leilão durante diversas vezes durante esta quinta-feira, 12, e já estiveram novamente hoje.
Ivan Barboza, sócio-gestor do Ártica Long Term FIA, aponta que hoje ainda não surgiram novas informações relevantes sobre o caso, e pode demorar até que tudo fique às claras. “Até lá, é esperado que o preço da ação permaneça volátil, devido a especulações em torno do caso”, avalia.
A crise foi instaurada após divulgação da renúncia de Sergio Rial como CEO e de André Covre como CFO e Diretor de Relações com Investidores, apenas alguns dias depois de assumirem os cargos. A motivação está relacionada a ‘inconsistências contábeis’ nos balanços da Americanas, que atingiriam R$20 bilhões ao longo de diversos anos.
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Na visão de Rial, que esteve reunido com investidores em evento fechado durante a manhã de ontem e divulgou um vídeo com explicações ao mercado em geral pela tarde, a companhia vai precisar passar por uma capitalização e os balanços terão de ser reapresentados.
Na avaliação dele, parte da conta fornecedor dos balanços eram dívidas bancárias e foram inseridas de forma errada nos relatórios divulgados ao mercado.
Rial fará uma reunião com diversos executivos de bancos brasileiros durante esta sexta, para tratar do andamento do cumprimento desses compromissos. Conforme apurou o jornal Valor Econômico, uma possibilidade forte é que os bancos optem por uma negociação que resulte na rolagem da dívida, com prazos e condições a serem ainda definidos.
“Os bancos devem rolar a dívida porque não é de interesse dos credores quebrar a companhia de imediato. Deve ser estruturado um plano para que os envolvidos busquem preservar ao máximo possível o valor investido na empresa. Sobre a denúncia a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é provável que os envolvidos sofram sanções, mas não é comum que investidores consigam recuperar seu capital envolvido em casos como este por vias judiciais”, completa Barboza.
Em relatório, o banco BTG (BVMF:BPAC11) destacou que a descoberta de inconsistências no balanço gera “faíscas e grande tumulto”. Para os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis, como os indícios apontam para esses erros contábeis durante muitos anos, o comitê independente e os auditores externos podem demorar até encontraram um valor final que reflita com precisão o desempenho da Americanas, seu balanço patrimonial e alavancagem. O BTG também não descarta a necessidade de aumento de capital ou outras medidas de financiamento adicionais nos próximos trimestres.
A falta de clareza sobre quanto tempo essa crise deve durar e quando a companhia voltará à normalidade torna difícil que investidores optem pela compra de ações do fundo, segundo o BTG. O banco aguarda os próximos desdobramentos e colocou a recomendação em revisão neste momento.